sexta-feira, 25 de abril de 2008

Hare Krishna! Hare Buda! (segunda versão)

Desde algum tempo, talvez há uns 5 anos, tenho estudado um pouco e tentado seguir, na medida do possível, os preceitos budistas (seguem abaixo em pali, língua falada por Buda, com suas devidas traduções):

Panatipata veramani sikkhapadam samadiyami

Eu tomo o preceito de abster-me de matar seres vivos.

Adinnadana veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me de tomar o que não for dado.

Kamesu micchacara veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me de comportamento sexual impróprio.

Musavada veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me da linguagem incorreta.

Suramerayamajja pamadatthana veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me do vinho, ácool e outros embriagantes que causam a negligência.

Tornei-me vegetariano há 3 anos, procuro meditar todos os dias para acalmar minha mente, não bebo, não fumo e busco seguir os demais preceitos, mas como não vivo em um mosteiro, infelizmente é difícil observá-los. Quando comecei a ler sobre essa religião/filosofia me identifiquei logo de início, visitei vários sites (entre eles está o que acredito ser mais interessante para quem deseja conhecer o budismo: As mais belas histórias budistas, um espaço que disponibiliza diversos contos belíssimos) e comprei muitos livros sobre o assunto.
Nessa minha busca, encontrei o Zen (em japonês) ou Chan (em chinês), que defende uma meditação constante, chamada Zazen, cujo único objetivo é estabelecer uma relação direta com a realidade, com o mundo como ele é, sem pré-conceitos. Mas o que mais me surpreendeu foram as histórias, os contos, os koans, pois acredita-se (eu também acredito) que a iluminação possa ser alcançada a qualquer instante, através de qualquer experiência, inclusive a mais simples possível:

NEM ÁGUA NEM LUA

Por anos e anos, a monja Reiko estudou, sem conseguir chegar à Iluminação. Uma noite, estava ela a carregar um velho pote cheio de água. Enquanto caminhava, ia observando a imagem da lua cheia refletida na água do pote. De repente, as tiras de bambu que seguravam o pote inteiro partiram-se e o pote despedaçou-se. A água escorreu e o reflexo da lua desapareceu... e Reiko iluminou-se.

Ela escreveu estes versos:

De um modo ou de outro, tentei segurar o pote inteiro, Esperando que o frágil bambu nunca se partisse. De repente, o fundo caiu. Não havia mais água. Nem mais lua na água. Apenas o vazio em minhas mãos. E seu significado em minha alma.

Quando li esse conto tive um arrepio e, olhando para a lua, muitas vezes ele me vem à memória. Ele e muitos outros me marcaram, me impressionaram com seus "claros enigmas" que povoam a poesia. Pensei em entrar para um mosteiro, viver como monge, buscar a iluminação e me buscar, conhecer meu "eu" para poder dissipá-lo e enxergar o mundo como verdadeiramente é. E como pensei... Desisti da idéia de ser monge, mas não daquela de povoar um mosteiro por um tempo. Hoje ela está quase apagada, com pouquíssimas centelhas.
Alguns enxergam como fuga, eu digo que é uma oportunidade de desenvolver o auto-conhecimento que tanto busco, talvez encerrar uma série de conflitos que me fazem sofrer. Talvez não seja certo, talvez o certo seja trabalhar como um cão (pensando apenas no benefício material e esquecendo o espírito que somos), como diz Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Prabhupada, iniciador do Movimento Hare Krishna no Ocidente, que há pouco tempo conheci através de livros e de amigos devotos.
Esse Movimento tem-me atraído tanto quanto o budismo, (creio que) voltei a ter fé em Deus, a agradecê-lo antes de dormir e antes de comer (
alimentação lacto-vegetariana, claro!), fico meio confuso e um tanto envergonhado, pois passei tantos anos sem acreditar nEle. Se meus pais tinham preconceito com relação ao budismo, imaginem com a devoção à Krishna. "Isso é lavagem cerebral!", "São um bando de doidos drogados!", meus pais falam sempre. Pena que eles não conhecem a filosofia védica e nem os meus amigos, pois se o fizessem nada falariam de negativo. O estereótipo que se desenvolveu dos devotos (drogados e etc.) se deve ao fato de que os primeiros interessados nos ensinamentos védicos deste lado do mundo foram os hippies, e todos nós estamos cansados de saber do consumo exacerbado de drogas por parte dessa comunidade. Mas o que um homem com poucos dólares no bolso e uma missão de disseminar a fé em Krishna poderia fazer se não aceitar os discípulos que tinha e tentar trabalhá-los? Para vocês entederem do que estou falando, eis os princípios do Movimento:

1. Não violência — Não comer nenhum tipo de carne, peixe ou ovos.

2. Austeridade — Não se intoxicar, evitando todo tipo de droga, inclusive cigarros, bebidas e cafeína.

3. Veracidade — Não se envolver com jogos de azar.

4. Pureza — Não praticar o sexo irrestrito.


As semelhanças desses princípios com os budistas não são mera coincidência, os Vedas afirmam que Buda foi uma forma de manifestação de Krishna, ou seja, Sua reencarnação.

Estou em processo de estudo e de conversa, freqüentando algumas da reuniões para entender um pouco melhor como é viver nesse mundo tão diferente do nosso, inclusive nos nomes próprios, que parecem ser iguais! Espero que um dia possa me tornar um devoto, ou não, vai depender do destino. Independente disso, nunca deixarei de me interessar pelo Zen-budismo, pois sou extremamente fascinado pela sua clareza de percepção. Nos Vedas, muitas vezes, encontro passagens com as quais não concordo, porém, o benefício do todo pode ser muito maior do que esses pequenos detalhes que ainda tenho que aprender... Aprender e ensinar, eis a minha sina...

Hare Buda!
Hare Krishna!

3 comentários:

Anônimo disse...

Pelo que sei, o Budismo não prega o vegetarianismo. O Budismo é contra o álcool e as drogas, mas não possui qualquer restrição quanto à carne.

Anônimo disse...

O Budismo prega a não violência (não matará)b; consequentemente, não devemos nos alimentar de seres sencientes que foram assassinados.

Anônimo disse...

Exatamente onde estou:
Me identifico muito com o Zen Budismo e pratico Zazen diariamente.
Mas gosto do movimento Hare Krishna, e das filosofias védicas.
Vi que faz tem que postou essa matéria, há 6 anos atrás!
Qual conclusão vc chegou e onde vc tá agora?
Isso pode me ajudar a clarear minha situação tbém.
Obrigada.